CATARATAS DO IGUAÇU – ORIGEM E GEOLOGIA

Curiosidades

Cataratas do Iguaçu – Origem e Geologia

As Cataratas do Iguaçu, localizadas na fronteira entre Brasil e Argentina, desenvolvem-se ao longo do rio Iguaçu. Em ambos os lados da fronteira há parques nacionais, o Argentino criado em 1934 e o brasileiro em 1939, com uma área total de 2500 km2.

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A porção superior da bacia do rio Paraná, na qual se localiza o rio Iguaçu, é quase que completamente formada por rochas vulcânicas e sedimentares de idade paleozoica-mesozoica da Bacia Sedimentar do Paraná. Uma série de lineamentos estruturais de direções principais NW-NE e NE-SW cortam as rochas da bacia. Uma grande quantidade de lava extravasou pelas fraturas NW-SE durante a separação de Gondwana ocorrida no Cretáceo, há cerca de 132-133 milhões de anos atrás (Saadi, 1993 e Marques & Ernesto, 2004), formando um platô de basalto com cerca de 1 km de espessura composto por sucessivos derrames basálticos (tipo escadaria), com diques e sills de diabásio (Stevaux & Latrubesse, 2009).

Segundo as interpretações admitidas presentemente, a bacia de drenagem do Paraná foi assumindo a sua forma atual devido à movimentos tectônicos que causaram o soerguimento do litoral Sul-Sudeste do Brasil. A maior parte dos afluentes da margem esquerda do rio Paraná, dentre os quais o rio Iguaçu, que corre sobre o Platô Basáltico ao longo de lineamentos com direção NW-SE, formando centenas de cachoeiras em rochas basálticas (Stevaux & Latrubesse, 2009).

As cachoeiras do Iguaçu são as mais altas e com maior volume de água dentre todas as que ocorrem na bacia do rio Paraná. As quedas d’água têm um uma cabeça em forma de arco com cerca de 2,7 km de extensão na qual a água entra em um cânion com 80 a 90 m de largura e 70 a 80 m de altura escavado no platô de basaltos a cerca de 21 km a montante do encontro entre os rios Iguaçu e Paraná, formando a famosa Garganta do Diabo (Figura 1). Uma outra porção do rio entra no cânion pelo se lado esquerdo e forma centenas de cachoeiras.

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Figura 1 – Vista aérea da Garganta do Diabo (Foto de Z. Koch, in Stevaux & Latrubesse, 2009).

Do ponto de vista geológico, o substrato litológico das Cataratas do Iguaçu é formado por derrames basálticos da Formação Serra Geral, diferenciados pelas diferentes estruturas da base, parte central e topo, que caracterizam cada derrame (Figura 2).

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Figura 2 – Perfil vertical ilustrativo de um derrame de basalto (CPRM, 1979 in Correa, 2019). 

Na porção central do derrame de lava ocorre uma camada de basalto preto, de espessura de cerca de 35 m, com um sistema de disjunções colunares prismáticos e uma camada de cerca 8 a 15 m de basalto vesicular com diaclases horizontais bem desenvolvidas. O derrame superior acumula espessura total da ordem de 35 m ou pouco mais. A partir do topo do primeiro derrame, portanto, as águas despencam em um primeiro salto, com cerca 35 m de altura, que corresponde à espessura total dele. A camada mais basal é composta por outra camada vesicular, também com diaclasamento horizontal, que tem espessura de 8 m e sustenta um extenso degrau ou patamar horizontal, a partir do qual as águas novamente despencam em um segundo salto com cerca de 40 m de altura. A parte central do derrame inferior, do mesmo modo que a do superior, apresenta disjunção colunar característica, delineada por sistema de diaclases verticais. Ela tem 20 m de espessura e vai até o fundo do cânion, na cota 110 m, onde começa a aflorar basalto vesicular pertencente ao topo de um terceiro derrame de lava, com espessura indeterminada.

Essa conformação produz uma queda d’água com dois estágios (Figura 3 e Figura 4), controlada pelo contato entre o derrame de topo e o central e o central e o de base.

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Figura 3 – Foto mostrando os dois estágios de queda d’água qu compõem as cataratas do Iguaçu (Mineropar, 2006 apud Stevaux & Latrubesse, 2009)

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Figura 4 – Seção geológica das Cataratas do Iguaçu, ilustrando patamar no contato interderrames e quedas d’água verticais condicionadas pela parte central e colunar dos derrames. (Bartorelli, 1997 in Correia, 2019).

As taxas de erosão diferenciais entre o rio Paraná e o rio Iguaçu criaram uma queda inicial com cerca de 70 – 80 m de altura na confluência dos dois rios. A despeito da falta de estudos mais específicos sobre o desenvolvimento do sistema fluvial na região, acredita-se que as quedas d’água foram progressivamente deslocando-se para montante, devido à erosão fluvial regressiva que ainda hoje se observa, a uma taxa de 1,4 a 2,1 cm/ano por cerca de 1.5 a 2.0 milhões de anos (Bartorelli, 1997).

 

Referências

Bartorelli, A. (1997) As principais cachoeiras da Bacia do Paraná sua relação com alinhamentos tectônicos. Doctoral thesis, IGCE-UNESP, Rio Claro.

Correia, A. (2019). Cataratas do Iguaçu – formação geológica e curiosidades. https://igeologico.com.br/cataratas-do-iguacu-formacao-geologica-e-curiosidades/. Acesso em março de 2021.

Marques, L. S. e Ernesto, M. (2004) O magamatismo toleítico da Bacia do Paraná. In: Mantesso-Neto V, Bartorelli A, Carneiro CDR, Brito-Neves BB (eds) Gelogia do Continente Americano: Evolução da Obra de Fernando Flávio Marques de Almeida. Becca Produções Culturais, São Paulo, Brazil, pp 246–263.

Saadi, A. (1993) Neotectônica da Plataforma Brasileira: esboço interpretações preliminares. Geonomos 1(1):1–15.

Stevaux, J. e Latrubesse, E. M. (2009. Iguazu Falls: A history of Differential fuvial incision. Cahpter. Doi: 10.1007/978-90-481-3055-9_11